quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Nostalgia

"Um dia você descobre que "crescer" é inevitável. Que nem tudo é como você espera e que criar expectativas quanto as pessoas só atrai pensamentos errantes, o certo é você criar expectativas sobre si mesmo , ultrapassá-las e ver à sua volta o resultado de tudo que você transformou em um tornado só pra SE organizar e acreditar que nem tudo é exatamente como você quer.
Um dia você percebe que por mais que você implique com sua mãe, com seu irmão e com toda sua família, eles vão fazer falta! Isso mesmo! Quando você estiver a 800 km de casa e lembrar do bolo de chocolate, das velas e de tudo que você odiou você vai entender que essas pessoas são grande parte de sua vida, que elas vão estar ali com um olhar de aconchego pra sempre, que você pode ser o que for: astronauta, flautista, andarilho; e você também pode ser como for, você pode voar, sonhar e até mesmo se estrepar,eles sempre serão o porto seguro nas noites frias, vão estar ali quietinhos, junto com o cheiro de feijão recém cozido, com a gritaria das crianças na cozinha, com tudo aquilo que você sempre amou e que achava que não sabia.
Um dia você encontra a criança no espelho, e então consegue ver a magia de sonhar com um futuro, entender o passado e viver incondicionalmente o presente. Você sabe que os preços vão subir, que o trabalho um dia vai te enlouquecer e que o trânsito vai te atrasar, mas você tem um porquê. Quando se tem um porquê tudo faz sentido. Não importa os fantasmas que não te deixam, o passado que te arrasta levando com ele tudo em que você acredita. Você aprende que certas feridas nunca saram, é isso mesmo... Certas feridas estarão ali pra sempre e cabe à você esquecê-las ou remoê-las a vida toda.Um dia você lembra que nem tudo é pra sempre, que amigos virão, estarão e um dia o destino leva eles pra bem longe, alguns ficarão por perto, outros ficarão por dentro, outros se esquecerão com o tempo, o importante é você não esquecê-los. Há de existir sempre o sorteve em dia de chuva, as risadas e as lágrimas em dias de sol. Lembrar é a melhor forma de viver tudo de novo, de voltar no tempo, e fazer de conta que você ainda tem seus 15 anos e acha que já viveu demais pra saber sobre tudo na vida.
E sim, por mais que o destino seja cruel, que você sofra, derrame rios de lágrimas você vai se apaixonar, de novo e de novo. E um dia com entardecer cor de laranja você vai o encontrar. Poucas buscas são tão intensas quanto a pela da felicidade. Você procura nos outros, em você e quando você começa a enlouquecer passa a buscar até em lugares simples como embaixo da cama, atrás das portas e dos armários, e um dia tudo isso acaba. Nesse dia você encontra sua verdadeira casa. Nesse dia você descobre a mão que te segura, os olhos que te guardam e o beijo que te acalma. Você tem o seu herói que te proteje contra todos os males da vida , da solidão... Que te puxa de lá do fundo pra te mostrar o amanhecer dos seus sonhos e o entardecer de seus desperos. E você se exaspera...Cuida tanto que as vezes teme descuidar, ama tanto que as vezes pensa não aguentar, mas no fim, apesar de tudo você se entrega, você vive assim como tem de ser, com quem tinha de ser, porque você sabe que aquela pessoa é só pra você assim como você será sempre dela.
E no final de tudo, quando você acha que está bem velhinha aos 22 anos você suspira bem fundo de um suspiro de Vida, de esperança, de amor, de saudade... E junta tudo que você viveu em uma caixinha bem colorida, esconde em um canto bem bonito do seu coração, olha-se no espelho e dá-se um belo sorriso. Um sorriso de penetrar na alma, um sorriso de penetrar , um sorriso pra lhe mostrar a vida." 23-11-2007

2 comentários:

Colecionadora de Memórias disse...

Eu te adicionei ao meu blog.
Gostei muito do que li.

Eduardo S. M. Cesar disse...

Por que a gente quase sempre consegue ser mais preciso no papel do que no plano real? É mais fácil nos organizarmos em uma folha em branco, né?! Ou, nos desorganizar, por que não? Enfim, com um pé dentro e outro fora desse passado indelével, é que vamos ganhando mais chão para, quem sabe, atingirmos o finito mais distante possível. Acho que a vida é “dual” por causa disso. É nesse elástico tridimensional que vamos nos tornando mais vivos do que nunca. Com dores, dúvidas e pesos, mas vivos.

Um beijo