quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O mal do século da modernidade

Quando eu era jovem o suficiente pra acreditar em contos de fadas lembro-me de ter ouvido dizer que o amor movia montanhas se quisesse, e então, como eu achava que me faltava juízo, eu acreditei. Só que o tempo passou, eu cresci, me vi inundada por um trabalho que me cansava, me vi rodeada de pessoas insanas, em um mundo mais insano ainda. Um mundo onde é gentil ofender, onde é engraçado desdenhar, um mundo rodeado de um falso sentimento de igualdade, de dignidade, e que esqueceu completamente o que significa compaixão, solidariedade, respeito e amor.

Esquecemos do primeiro beijo e das juras de amor que guardamos. Esquecemos do pedaço de papel que ficou no fundo do armário com a carta que fez do nosso coração o mais feliz possível e que também fez ele parar. Esquecemos do romantismo em nossas vidas, e não falo apenas daquele com nobres rapazes e lindas donzelas. Eu falo do romantismo de viver, de acordar de manhã e perceber como tudo a nossa volta faz parte de um pequeno milagre, o romantismo de perceber o quão sincero é o sorriso de uma criança e o quão puro é o seu coração, o romantismo de parar, no meio do dia, da correria e olhar o horizonte e perceber que o pôr-do-sol continua lindo, esperando, inquieto, para ser enfim apreciado.

As pessoas estão tão assombradas pelo mal do século que não enxerga um palmo a frente do seu próprio nariz, dos seus próprios desejos, das suas próprias fraquezas, restando apenas a elas se frustrarem e se condenarem a eterna solidão. O mundo agora é o deserto que todos cultivaram pra que as pessoas não possam se encontrar.

Então, eu me pergunto. Será que sou tola demais? Será que devo deixar de lado meus ideais, aprender a trapacear e a enganar? Então eu me isolo, e percebo que as pessoas imaginam o quão rabugento é o meu mundo, elas me olham como se eu fosse alguém desprezível, simplesmente porque eu ousei discordar da ideia de felicidade moderna. E eu penso: sou sim uma pobre infeliz, mas não sou cega e não sou tão infeliz quanto todos os outros. Eu sou romântica e eu acredito. E posso ser louca, mas de que vale viver se não for pra enlouquecer? Se não for pra amar do jeito certo, amar acima de todas as coisas, e, principalmente, todas as coisas. Assim, amar, mesmo que não seja eterno, mas como diria o poeta, que seja infinito (mesmo que por instantes) enquanto dure.