Quando eu era jovem o suficiente pra acreditar em contos de fadas lembro-me de ter ouvido dizer que o amor movia montanhas se quisesse, e então, como eu achava que me faltava juízo, eu acreditei. Só que o tempo passou, eu cresci, me vi inundada por um trabalho que me cansava, me vi rodeada de pessoas insanas, em um mundo mais insano ainda. Um mundo onde é gentil ofender, onde é engraçado desdenhar, um mundo rodeado de um falso sentimento de igualdade, de dignidade, e que esqueceu completamente o que significa compaixão, solidariedade, respeito e amor.
Esquecemos do primeiro beijo e das juras de amor que guardamos. Esquecemos do pedaço de papel que ficou no fundo do armário com a carta que fez do nosso coração o mais feliz possível e que também fez ele parar. Esquecemos do romantismo em nossas vidas, e não falo apenas daquele com nobres rapazes e lindas donzelas. Eu falo do romantismo de viver, de acordar de manhã e perceber como tudo a nossa volta faz parte de um pequeno milagre, o romantismo de perceber o quão sincero é o sorriso de uma criança e o quão puro é o seu coração, o romantismo de parar, no meio do dia, da correria e olhar o horizonte e perceber que o pôr-do-sol continua lindo, esperando, inquieto, para ser enfim apreciado.
As pessoas estão tão assombradas pelo mal do século que não enxerga um palmo a frente do seu próprio nariz, dos seus próprios desejos, das suas próprias fraquezas, restando apenas a elas se frustrarem e se condenarem a eterna solidão. O mundo agora é o deserto que todos cultivaram pra que as pessoas não possam se encontrar.